A Trajetória negra contada e cantada através do Samba
Orientadora: Tatiane Kelly Pinto de Carvalho
Bolsista PAEX: Maraísa Inês de Assis Martins
Devido a não obrigatoriedade, por muito tempo a História e Cultura Afro-Brasileira não eram temáticas trabalhadas nas escolas brasileiras, podendo ser consideradas como temas transversais no currículo da disciplina de História. Essa situação só veio a modificar-se após a Lei nº. 10.639, sancionada em janeiro de 2003, com o intuito de estimular projetos educacionais direcionados às manifestações e expressões mais autênticas da cultura brasileira. Visto que, essa Lei previa a inclusão e a determinação, no currículo oficial da educação básica, de estudos mais direcionados a África e as contribuições dos afrodescendentes na cultura brasileira.
Mediante a isso, o referido projeto extesionista, a partir de uma relação dialógica entre a Universidade do Estado de Minas Gerais (Unidade de Divinópolis) e a Escola Estadual Martin Cyprien, localizada numa região considerada periférica da cidade de Divinópolis, visa trabalhar com os alunos do 3° ano do Ensino Médio da referida escola as principais temáticas que tangem tais aspectos históricos, culturais e patrimoniais de formação da sociedade brasileira.
Diante dessa questão, está sendo desenvolvido com os discentes, ao longo do ano letivo de 2018, encontros que buscam em primeira instância resgatar o reconhecimento do estilo musical, samba, como umas das manifestações culturais de resistência do povo negro em nossa história na afirmação de sua cultura e identidade. Uma vez que, a partir do conhecimento da história dos negros no Brasil e seu papel na formação do povo brasileiro, objetiva levar os alunos a romperem possíveis noções e estereótipos preconceituosos em relação aos afrodescendentes, bem como em relação a suas manifestações culturais, essencialmente às músicas de origem africana.
Contudo, conhecer o processo histórico do preconceito racial vivido por esse povo colaborará na construção de uma nova percepção social da cultura negra, possibilitando concomitantemente a aceitação do outro.
Dito isso, os encontros temáticos, iniciados em junho e com término previsto no final de novembro, são realizados quinzenalmente e contam, como percurso metodológico didático: com aulas de caráter expositivas sobre a história do samba e seu contexto histórico-social e as respectivas heranças da escravidão. Para isso, utiliza-se de músicas de samba, slides ilustrativos, apresentação de alguns dos principais instrumentos usados no samba e orientação dos alunos, na produção de letras de samba que contemple os assuntos trabalhados em sala de aula.
Nessa perspectiva, com as músicas, reflexões e através dos diálogos e questões levantadas até o momento, foi possível notar que uma grande parte dos alunos se mostra sensibilizados e alguns até se identificam ao exporem, por exemplo, relatos e indignações sobre certas situações vivenciadas por eles mesmos, ou em casos que aconteceram próximos a estes, sejam com familiares ou amigos.
Além disso, outro fato observado é o relato dos discentes no que se refere a notícias com caráter midiático sobre o tema que, inclusive, depreciam a história dos negros no nosso país. Mostrando assim, um bom entrosamento dos alunos com os conteúdos já trabalhados em sala de aula.
Logo, o projeto aprovado no Programa de Apoio a Projetos de Extensão (PAEX)- Edital n°01/2018, na Universidade do Estado de Minas Gerais- Unidade de Divinópolis objetiva como fim, contribuir para a formação identitária dos jovens concluintes do ensino médio reafirmando, desse modo, sua postura enquanto agentes produtores de cultura e indivíduos que tenham a capacidade de pensar o contexto social em que se encontram inseridos, num momento essencial de suas trajetórias pessoais escolares e profissionais, ou melhor, dizendo, a finalização da educação básica.
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