10 setembro

Professora Coordenadora: Ana Paula de Moura Varanda

Alunos Bolsistas: Matheus Vieira Barbosa, Jeferson Pinheiro

Aluno Pesquisador: Leonardo Gomes de Souza

 

O Projeto Gênero e sexualidades na produção de espacialidades das juventudes em Carangola (MG) desenvolve, desde maio de 2017, atividades de pesquisa, conjugadas com ações de extensão universitária, em parceria com escolas da rede estadual de ensino de Carangola (MG).

O projeto tem por objetivo compreender de que forma fatores relacionados às relações de gênero e às sexualidades influenciam a construção de espacialidades das juventudes do município, manifestando-se em um conjunto de expectativas, interdições e hierarquizações socioespaciais.

Ao longo de 2017, suas ações foram apoiadas pelo Edital do Programa Institucional de Apoio à Pesquisa da UEMG (PAPq) e realizadas em cooperação com as unidades urbana (Bairro Santo Onofre, sede do município) e rural (Distrito de Conceição) da Escola Estadual Emília Esteves Marques.

Neste primeiro ano, a pesquisa assumiu um caráter fundamentalmente qualitativo, apoiando-se em princípios baseados na observação participante e em metodologias de sistematização participativas de narrativas apresentadas pelxs estudantes nas unidades escolares.

As impressões iniciais dxs estudantes sobre os temas levantados pela pesquisa foram captadas e problematizadas a partir da organização de oficinas com alunos que cursam o ensino médio nas unidades urbana e rural da escola estadual mencionada acima. As atividades foram organizadas em duas etapas ao longo de um mesmo dia: na primeira, os alunos foram convidados a observar uma instalação criada por nossa equipe de pesquisa em uma sala da escola, com a fixação de cartazes e a apresentação de alguns vídeos que problematizavam questões relacionadas a desigualdades em divisões de tarefas, profissões e espaços associados a presença feminina e masculina na sociedade, além de materiais que abordavam dimensões relativas à cidadania e à violência contra as mulheres e à população LGBT.

Em um segundo momento, realizamos uma roda de diálogo sobre as impressões dos alunos em relação aos temas e questões suscitadas pelos materiais expostos. Foram discutidos aspectos relacionados às formas de opressão, às desigualdades associadas às normas e divisões de tarefas intrafamiliares, ao carácter patriarcal subjacente às expectativas profissionais e de comportamentos sociais associados a homens e mulheres na sociedade, aos modelos heteronormativos de família, ao feminicídio e à violência contra a população LGBT.

A partir dessas primeiras oficinas, foi possível a constituição de grupos focais por meio da identificação de jovens que apresentavam singularidades no que se refere à fusão de categorias que acentuam formas de subalternização analisadas pela pesquisa. Desta forma, levamos em consideração o entrelaçamento dos seguintes perfis: jovens moradores de áreas rurais e urbanas, identidade de gênero, orientação sexual e raça.

Em nossas análises sobre os resultados desse trabalho nos apoiamos no conceito de interseccionalidade[1] com o intuito de aprofundarmos interpretações acerca de relações de gênero e sexualidades na produção do espaço, tendo como referência as experiências de jovens, em sua maioria negrxs (pardxs e pretxs) e de baixa renda, moradorxs de áreas urbanas e rurais do município de Carangola. Suas espacialidades são atravessadas por elementos de desigualdades quando lançamos luz sobre as dimensões associadas à aceitação/não-aceitação de suas sexualidades e presenças em espaços públicos e privados do município; às vinculações de atividades e ocupações profissionais à determinado gênero e à determinada raça; à sensação de insegurança e às restrições à mobilidade experimentadas por grupos sociais específicos, dentre outros aspectos mencionados ao longo do trabalho.

Durante o período de março de 2018 à fevereiro de 2019, as atividades do projeto vêm se concentrando na sistematização e análise das informações empíricas captadas ao longo das atividades de pesquisa e extensão realizadas previamente nas escolas; no levantamento de dados secundários na Superintendência Estadual de Educação de Minas Gerais e em órgãos de pesquisa sobre perfis socioeconômicos dxs jovens estudantes das unidades escolares envolvidas no trabalho. O projeto também prevê a realização de oficinas para a devolutiva dos resultados da pesquisa axs professorxs, alunxs e demais membros da comunidade escolar das unidades de ensino.

[1] O conceito de interseccionalidade, utilizado nesse estudo, decorre das formulações propostas pelo pensamento feminista negro estadunidense durante a década de 70 e tem como objetivo evidenciar o caráter múltiplo e complexo em que se manifestam formas de desigualdade e opressão quando consideramos a fusão entre categorias que são subalternizadas no interior de determinados grupos sociais.

Deixe uma resposta